Travado novo roubo na <em>Pereira da Costa</em>

Em vigília, frente às instalações da Pereira da Costa Construções, na Venda Nova, Amadora, os trabalhadores continuam a resistir, dia e noite, ao despedimento ilegal e impediram mais uma tentativa de roubo, na madrugada do dia 23, desta feita de material informático.
Só a resistência e a determinação dos operários é que tem impedido o administrador Luís Moreira de descapitalizar a empresa, através do furto de material com a ajuda de capangas de uma força privada de segurança cuja identidade não foi possível apurar, confirmou ao Avante!, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Sul, João Serpa.
Acompanhado por um grupo de pessoas estranhas à empresa o administrador entrou nas instalações com cerca de sete viaturas, aproveitando um momento em que o portão estava semiaberto.
De vigília, os trabalhadores e membros do sindicato perguntaram ao administrador o que é que o fazia ali estar àquela hora da noite, ao que lhes foi respondido que ia retirar material informático.
Os operários fizeram saber que isso seria ilegal e, portanto, nenhum material estava autorizado a sair.

Direito de resistência

«Os seguranças saíram dos carros e ameaçaram os trabalhadores afirmando que se não saíam a bem, sairiam a mal», prosseguiu João Serpa.
A policia foi chamada e voltou a ter um «comportamento honroso, dando razão aos trabalhadores e garantindo a manutenção da ordem pública», afirmou.
Os cerca de 70 trabalhadores em vigília impediram a saída do material mas a situação prolongou-se até às 3 horas da madrugada.
Os operários aperceberam-se de que, em vez de reporem o material nas instalações, os capangas transladaram o material de um jeep para o esconderem nos carros particulares.
Os trabalhadores impuseram que os carros saíssem um a um e, ao revistarem os interiores, constataram que «computadores e pastas tinham sido escondidos no lugar dos pneus suplentes». No último carro seguiam os pneus em falta.
Capangas e administrador foram obrigados a retirar o material e o jeep ficou retido nas instalações.
No dia seguinte, os mesmos seguranças regressaram à porta da empresa, às 4 da madrugada, e tentaram novamente forçar a entrada pelo portão que estava fechado a cadeado com correntes que os lacaios do administrador ameaçaram cortar.
A policia foi de novo solicitada e ameaçou detê-los, caso forçassem os cadeados.
«Vamos manter-nos vigilantes até que seja nomeado o gestor judicial», afirmou João Serpa.

Sentenças desprezadas

Ao todo, foram decretadas 5 sentenças que o patrão recusa cumprir, favoráveis à reintegração de 70 dos 83 despedidos e ao pagamento dos salários, esclareceu João Serpa.
A administração avançou com um processo de insolvência no Tribunal do Comércio de Lisboa. Os trabalhadores aguardam que seja nomeado um gestor judicial.
«A luta vai continuar até que os trabalhadores despedidos sejam reintegrados», salientou o dirigente sindical.
Actualmente, o escritório da empresa encontra-se em paradeiro desconhecido.
O sindicato accionou todos os meios legais para que os bens anteriormente retirados regressem à empresa e sempre manifestou disponibilidade para discutir um plano de reestruturação que nunca foi apresentado. Em vez disso, ocorreu o despedimento ilegal.
Sindicato e trabalhadores consideram que a situação foi criada propositadamente, porque «o que está em causa é o negócio imobiliário que o administrador pretende fazer com os terrenos onde estão as instalações». «Foi por isso que a MB Pereira da Costa foi adquirida em situação de falência, em Agosto de 2005, tendo adoptado o nome de Pereira da Costa Construções SA», acusou o dirigente sindical.

Patrão patrocina Benfica

Embora afirme não ter verba para viabilizar a empresa, a verdade é que Luís Moreira, através da Pereira da Costa, patrocina a equipa de futsal do Sport Lisboa e Benfica. «O sindicato fez uma carta à direcção do clube, onde perguntou como é possível terem o patrocínio de uma pessoa sem carácter que põe em causa o bom nome do maior clube do Mundo», revelou o dirigente sindical.
«A direcção do Benfica respondeu que o patrocínio provém de pessoas benévolas que dedicam parte da sua vida a actividades desportivas e, como Luís Moreira não exerce qualquer responsabilidade no clube, o Benfica manifestou a solidariedade com os trabalhadores e garantiu que ia tomar as medidas adequadas».
Além disso, «Luís Moreira que estava sempre próximo da equipa de futsal, deixou de aparecer», acrescentou João Serpa.


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